quarta-feira, 21 de agosto de 2013

da série: uma obra de dáli










quando a conheci não pude compreender sua essência. 
ainda hoje faço alguns questionamentos sobre o que ainda preciso aprender sobre aquele dançar de mãos que flutuam no ar quando ela fala. não levo muito tempo para perceber que dela nada sei e mais quero saber. enquanto brinco com meus pensamentos, jogando-os pro alto, me divirto com a sua imagem e concluo que poderia gastar cada um dos meus sonhos e desejos com a sua presença.
eu compreenderia se alguém me abordasse e me chamassem de louca. eu compreenderia também, se em algum lugar do mundo me escrevessem uma carta, mensagem, telegrama ou um pequeno recado de alerta, dizendo: cuidado! em terras tão distantes nunca se deve aportar.  
          é claro, poucos sabem como é ter um capitão destemido dentro do peito. desses que não se protege ou entra em joguinhos. depois de alguns anos e alguns calos emocionais, fica fácil ter a resposta para esses descrentes: não se preocupem, eu só ancoro em terras que fazem o meu ser mais sereno e nada pode ser assustador o suficiente pra me tirar o desejo de ser assim.

          por falar em serenidade, quero voltar a falar das cores dela, daquelas cores que me fizeram refletir sobre a velha paleta que continuava sustentando as minhas próprias cores. foi quando ela mergulhou naquele universo que não a pertencia e se fez mais uma que descobri que antes eu não a enxergava, apenas via. que nem só de azul, preto e amarelo eram feitos os seus dias. precisei compartilhar daquela metamorfose, ainda que de forma tardia, para me dar conta de que em uma só vida não é possível se dar ao benefício da dúvida e da espera. e, mesmo sabendo que não deveria, me culpei por não ter estado ali antes. 
        
  peço licença para me explicar melhor, já que minhas palavras não devem estar fazendo muito sentido. tentarei ser breve como o tempo que levei pra perceber que minhas palavras agora seriam dela.
        
  foram encontros e desencontros, longos 25576 dias - aproximadamente, incluindo aquele que compôs um ano bissexto, um vidro e fibras óticas, relacionamentos e aprendizados. enfim, reencontro! (meu deus, como adoro esse prefixo e a forma como ele me traz a sensação de esperança renovada.) e nesse reencontro novas pessoas, novas conversas, nova timidez, nova admiração, tudo junto àquela velha sensação de tentar reconhecer o que ficou do velho e o que é melhor do novo. foi em meio ao novo que descobri seu olhar, sua sensibilidade e a vontade de querer conhecer o seu porto. e foi assim, quis ver seu mundo, quando a assisti descobrir a beleza daquele outro pequeno e fazer dele sua grande obra de arte.

           ficará para outras palavras o momento em que desejei que ela não saísse mais do meu lado. o que eu queria dizer desde o começo é que eu a vi de tantas formas e ainda a vejo tão diferente a cada instante que meus sentimentos se embaralham e se concretizam com uma rapidez assustadoramente surrealista - não me restam dúvidas, ela é a minha tão sonhada obra de salvador dáli.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

da série: oração ao tempo

difícil mesmo é lembrar do que veio antes, o que fomos e pelo que ansiávamos.
de repente, você olha pro lado e descobre que aquele lugar ficou vazio e que o seu olhar está meio sem rumo.
me pergunto como cheguei até aqui, afinal. como está aquele muro cinza? pra onde foi a gravidade que sustentava meus pés? é permitido flutuar assim? essa saudade é punição para meus sonhos? devo me preocupar com o adeus?

me perdoe! eu vi no seu sorriso um pouco de vontade, um misto de desejo e medo. e, mesmo que eu não queira me perder mais em você, me deixar ser levada pra longe de mim, basta lembrar desse sorriso pra ficar revirada. não sei o que fazer com essa vontade de louca de (des)crevê-la

são tantas de você. olhos, medos, sentimentos, imagem distante, sorriso, alma. eu não quero sair de onde estou porque tenho medo de que quando for voltar as coisas estejam fora do lugar e não mais como você deixou. tenho medo de olhar de novo pra onde olhava naqueles longos anos e que esse calor que ainda me aquece embaixo do cobertor, com o ventilador ligado na velocidade que você escolhia, se perca enquanto eu procuro uma maneira de fazer você ser parte de mim pra sempre.

é insanidade pensar assim. já sei que você será para sempre parte de mim, de uma maneira ou outra. mas, estou aqui orando ao tempo pra te trazer logo pra perto de mim outra vez, pra ter certeza que seu olhar ainda gosta do meu. só pra te dar bom dia e poder pensar em te encontrar na hora do almoço.

o que eu preciso é que você saiba, pequena, que na vida os momentos felizes em plenitude são raros e você me trouxe isso com tanta simplicidade que o mundo inteiro, os problemas e as obrigações ficaram insignificantes desde que você voou pra casa. 




quinta-feira, 1 de agosto de 2013

da série: a espera

    chegar e me deparar com esse muro cinza me faz refletir nas razões que me fizeram abandonar a minha zona de conforto. será que eu refleti o suficiente antes de levantar, calçar as botas, estampar um sorriso no rosto e vir até aqui?
    talvez a aflição de momento e a falta de vontade de agir mais racionalmente sejam os piores defeitos que uma pessoa possa ter. acredito, no entanto, que esses são os meus melhores defeitos. afinal, foram eles que me trouxeram até aqui.
    eu queria te dizer algumas coisas, caso eu consiga vencer esse muro cinza que insiste em pairar na minha frente. sei que já falei dele, ainda não surtei de vez. me perdoe a repetição! eu apenas ainda não consigo lidar com ele e por isso fico repetindo sua existência - é que certa vez li que devemos enfrentar o que nos assusta de frente, sem evitar o contato, porque é o contato que nos torna fortes.
     eu não quero gritar. tenho andando meio fraca para esse tipo de exposição. espero que você consigo me escutar daí, já que o muro ainda está entre essas palavras e você.

     percorri caminhos que me fizeram sentir medo, meu bem. mas, nenhum deles me despertaram esses sentimentos que nadaram dentro de mim a cada vez que me perdi no seu olhar.
     li tantos livros que talvez tenha desaprendido a ler sinais. ou pode ser que os seus sinais me liam e brincavam comigo.
    o fato é que tratei de manter meu mundo quieto dentro do seu, evitei cantar algumas músicas, desviei vários olhares e sorri sobre todas as coisas - primeiro porque eu, realmente, me senti feliz em cada momento. segundo, porque o sorriso era a coisa  mais honesta que eu poderia lhe dar, sem sentir medo (do que eu enfrentaria depois de você).
 
ponderamos.
   precisou um pouco de euforia e confusão para que nos permitíssemos um único momento de sinceridade destemida. só quando estou sozinha me permito pensar em cada palavra, em cada gesto seu. eu te quis tanto! naquele instante ainda mais. mas nada comparado ao que sinto agora!
   não sei como fazer para deixar de pensar sobre essas coisas. maldita memória que insiste em nunca se desgastar. maldito coração que nunca sabe onde pisar, em que acreditar e insiste em se iludir.
   tenho procurado respostas sem perguntas. tenho procurado seus sons em cada vão momento, tenho visto seus olhos quando fecho os meus e sonhado com seus pés juntos aos meus nas noites frias.
   de tudo, tenho ainda algumas certezas, mas não sei se posso falar disso. eu queria apenas que você soubesse que apesar dos medos, das diferenças, da falta de palavras e desse muro cinza, eu continuo pensando em você.

                                   
                                               haicai do desejo

                                     que o céu fosse feito de algodão
                                     e que tudo o que chegasse até nós
                                     tivesse um pouco da sua doçura.



_____________________________________________________________ t.