quinta-feira, 1 de agosto de 2013

da série: a espera

    chegar e me deparar com esse muro cinza me faz refletir nas razões que me fizeram abandonar a minha zona de conforto. será que eu refleti o suficiente antes de levantar, calçar as botas, estampar um sorriso no rosto e vir até aqui?
    talvez a aflição de momento e a falta de vontade de agir mais racionalmente sejam os piores defeitos que uma pessoa possa ter. acredito, no entanto, que esses são os meus melhores defeitos. afinal, foram eles que me trouxeram até aqui.
    eu queria te dizer algumas coisas, caso eu consiga vencer esse muro cinza que insiste em pairar na minha frente. sei que já falei dele, ainda não surtei de vez. me perdoe a repetição! eu apenas ainda não consigo lidar com ele e por isso fico repetindo sua existência - é que certa vez li que devemos enfrentar o que nos assusta de frente, sem evitar o contato, porque é o contato que nos torna fortes.
     eu não quero gritar. tenho andando meio fraca para esse tipo de exposição. espero que você consigo me escutar daí, já que o muro ainda está entre essas palavras e você.

     percorri caminhos que me fizeram sentir medo, meu bem. mas, nenhum deles me despertaram esses sentimentos que nadaram dentro de mim a cada vez que me perdi no seu olhar.
     li tantos livros que talvez tenha desaprendido a ler sinais. ou pode ser que os seus sinais me liam e brincavam comigo.
    o fato é que tratei de manter meu mundo quieto dentro do seu, evitei cantar algumas músicas, desviei vários olhares e sorri sobre todas as coisas - primeiro porque eu, realmente, me senti feliz em cada momento. segundo, porque o sorriso era a coisa  mais honesta que eu poderia lhe dar, sem sentir medo (do que eu enfrentaria depois de você).
 
ponderamos.
   precisou um pouco de euforia e confusão para que nos permitíssemos um único momento de sinceridade destemida. só quando estou sozinha me permito pensar em cada palavra, em cada gesto seu. eu te quis tanto! naquele instante ainda mais. mas nada comparado ao que sinto agora!
   não sei como fazer para deixar de pensar sobre essas coisas. maldita memória que insiste em nunca se desgastar. maldito coração que nunca sabe onde pisar, em que acreditar e insiste em se iludir.
   tenho procurado respostas sem perguntas. tenho procurado seus sons em cada vão momento, tenho visto seus olhos quando fecho os meus e sonhado com seus pés juntos aos meus nas noites frias.
   de tudo, tenho ainda algumas certezas, mas não sei se posso falar disso. eu queria apenas que você soubesse que apesar dos medos, das diferenças, da falta de palavras e desse muro cinza, eu continuo pensando em você.

                                   
                                               haicai do desejo

                                     que o céu fosse feito de algodão
                                     e que tudo o que chegasse até nós
                                     tivesse um pouco da sua doçura.



_____________________________________________________________ t.

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