quarta-feira, 29 de junho de 2016

perceber que q vida é o clichê



é bom se atentar pro título dessa crônica e perceber a colocação do artigo definido - se existe clichê, estamos dentro dele.

duvido encontrar alguém que nunca tenha ouvido frases prontas como "quem vê cara, não vê coração"; "o mundo dá voltas"; "a beleza está nos olhos de quem vê" etc. são o tipo de fala que, apesar de despertarem preguiça e sensação de monotonia na maioria das pessoas, descrevem realidades que muitas vezes passam despercebidas por nossos olhos.

aliás, perder algo de vista não costuma me acontecer. sou sempre bem atenta aos detalhes, sons, pessoas, cores, ordenação...

naquele dia, porém, eu não podia devotar mais do que algumas olhadelas a você.
não pude olhar dentro dos teus olhos, cujas cores ainda pretendo desmistificar; nem ao menos trocar palavras comuns sobre o lugar, o tempo e a música que faz a vida ser assim, do jeitinho que ela é.

por alguma razão, não pude muita coisa - dentre elas, te esquecer como deveria. o que era pra ser casual e passageiro tornou-se espectador cativo para as encenações do meu pensamento.
bastou o teu sorriso e alguns poucos segundos pra que eu precisasse te conhecer.

ainda preciso.

não me fazem falta as tuas cores na memória, ou o perfume, ou o gosto, ou aquelas tantas partes que não vi. só sei que o mundo deu voltas pra que pudéssemos nos encontrar na garoa e na insensatez; que teu rosto não me importa, mas teu coração sim; que o pouco guardado nos meus olhos é o suficiente pra dizer da ti.

desde que cruzaste meu sábado, não tenho
direção nem caminho para fugir do clichê que é a possibilidade de te pertencer.


________t.

segunda-feira, 18 de abril de 2016

o povo que escolheu rir


indiscutível: não fosse trágica, a situação política do Brasil seria cômica.
é lamentável perceber que um país com tanto a oferecer precise passar por um vexame tão grandioso.
mesmo aqueles que não tem muita noção e embasamento político (me incluo nessa parcela, já que infelizmente entendo o mínimo de um assunto que, na verdade, deveria ser abordado, ensinado e debatido de forma democrática ainda no ensino básico - mas não é).
bem, mesmo para aqueles que tem o ínfimo conhecimento político, talvez as notícias nos jornais estrangeiros, os europeus,por exemplo, serviriam pra causar um pouco de incômodo, dúvida e questionamento - apenas um comichão pra que se tenha um pouco de consciência do quão grave é o quadro o qual estamos protagonizando.
contudo, ao que tudo indica, confetes, cuspe, beijos pra família e exaltação a torturador da ditadura serviram apenas pra virar piada na internet. o povo brasileiro, mais uma vez, se destaca na perspicácia, na sagacidade, na inteligência, na rapidez...
pena que a aplicabilidade de tantos talentos deixa a desejar. fossem usados na hora de votar e de estudar os candidatos antes de escolher seus representantes, não teríamos uma presidente despreparada no poder, tão pouco teríamos opções tão ruins quanto ela na hora de ir às urnas. ainda, não precisaríamos ver corruptos declarados, investigados e prepotentes sambando numa câmara, onde deveriam lutar pelos nossos direitos, pela nossa qualidade de vida, pelo correto andamento de um país ocupado por 200 milhões de pessoas que, de certa forma, ainda confiam (porque precisam ter em que acreditar no sistema.
se tais habilidades fossem direcionadas a ações sérias, engajadas e discernidas, já imaginou o poder que esse povo teria?
as piadas e memes são engraçados. claro que me divirto com tudo o que tenho lido por aí (e por aqui). o problema é que a chacota é passageira, mas a crise e o caos não são.
gostaria de ser parte de um povo que, ao ver o circo armado, luta, briga e ESTUDA pra realmente fazer a diferença. entretanto, parece que a minha nação escolheu ir ao ao espetáculo apenas pra rir.

quarta-feira, 17 de junho de 2015

seleção


enquanto os dedos percorrem a tela touch do telefone - ora parando pra um duplo toque, ora pra comentar uma foto aqui ou acolá - a mente se perde nos pensamentos: 'que lugar bonito!';  'que pessoa interessante.'; 'uau, essa roupa não caiu bem.' (...)
estamos em constante seleção: de amigos, emprego, roupas, comidas, fotos e curtidas.
os aplicativos e redes sociais servem pra, nada mais que, deixar claro como a humanidade se perdeu na inversão de valores.

quem é diferente e não se encaixa perdeu a vez nos anos 80. amor e respeito não são mais moedas de troca. a seleção natural perdeu-se na teoria e na ideologia daquele famoso - por enquanto - estudioso.

uma pena, se o cão não é de raça, não vai pra casa, não ganha caminha quente e muito menos filtro no instagram.

terça-feira, 3 de março de 2015

~~~~ aliteração

alguém falou em solidão? estas sete letras representam a imensidão que o desespero alcança dentro de um ser e o espaço onde busca-se pela sabedoria, por um caminho que leve à felicidade. infelizmente, ainda não há um senso comum que nos guie para este lado onde é possível ser sentimental e repleto de serenidade.

na verdade, muitas vezes o que encontramos ao longo do percurso é a saudade: do que fomos, do que desejamos, de alguém ou até mesmo de sermos nós e não o que esperam que sejamos; encontramos silêncio onde esperávamos ouvir sorrisos e vozes de compaixão ou força.

a minha vida era (lidão), entre as obrigações do dia-a-dia, dos dias iguais. precisei somar aos meus medos e desesperos a coragem de saltar, ir pra bem longe , acreditando que a sorte iria me acolher. e, desta maneira, vivi dias que, de tão bons, deveriam se chamar-se “sábado”. sim, todos eles!


foram nestes dias que pude ser eu mesma, aproveitar o sol do dia frio, sentir o sexo que me completaria tomando conta do meu corpo, sentar pra tomar um suco ao sul do meu mundo, ouvir o som da voz que mais parecia um anjo, sentir o suor nas mãos quando tive medo da despedida e perceber que aquela singela sintonia era a cura, era a minha salvação, a minha sanidade e o que me faria saudável mais uma vez.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015


sou despadronizada
no corpo e na alma,
mas o que me importa
é a poesia!

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

as visões que me causa o amor

no avião, quanto mais pensava, mais a tristeza tomava conta de mim.

não é fácil deixar pra trás os dias de felicidade.
sobretudo, não é fácil deixar pra trás seus olhos.

sim, os seus olhos, porque foi dentro deles que me perdi e me encontrei. foi dentro deles que conheci sua essência, medos, sonhos, anseios e humor. e mal sabes, pequena, a força que há ali dentro.

queria compor uma canção para te dizer que em seus olhos encontrei razões para acreditar nas pessoas, na vida, na esperança e no amor, mas não tenho o dom ou o tom; não canto nem toco como você.

queria escrever um livro chamado alegria, para dentro dele registrar as cores com que você colore a vida daqueles que têm a sorte de conhecer, de ter por perto, porque você não poderia ter outro nome; mas também não tenho o dom das palavras como você.

queria colocar uma roupa extravagante, sair fazendo pose a te imitar, porque sua imagem é repleta de boas vibrações e gostaria muito de ser um pouco parecida com ela; mas não tenho suas curvas.

queria pintar uma série de quadros, ou escrever uma história em quadrinhos para ilustrar um pouco do que aprendi desde que nos encontramos; mas não sei desenhar como você faz.

pensei em filmar um pouco das coisas boas da vida e com elas representar a coisa boa que é você, embora não seja de fato coisa; mas não sei filmar como você.

pensei em sorrir e tentar transmitir neste riso a serenidade que você me proporciona, mas nenhum sorriso seria tão sereno quanto o seu.

e se eu pensasse em ser outra pessoa, seria você. mas, não é bem isso o que resolveria o problema, porque se eu fosse você, quem você seria? o que seria de mim sem teus olhos iluminando o meu caminho? sem tuas mãos me mostrando como as coisas devem ser feitas? quem me diria pra ter mais calma e não ser tão impetuosa? quem acreditaria em mim e diria: vá em frente?

para que você nunca duvide da sua força e importância, sempre haverá um link até esse texto.
nele, espero que encontre as respostas para as questões mais doloridas:
você é forte, vencedora, linda e capaz. e se restarem dúvidas, não tem problema, porque encontrei todas respostas e sempre as direi a você.

pensei em tudo isso quando o avião descia e vi, através dos meus olhos chorões, uma paisagem incrível que, involuntariamente, você me proporcionou.

é, só o teu amor me causa as melhores visões.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

da série: uma obra de dáli










quando a conheci não pude compreender sua essência. 
ainda hoje faço alguns questionamentos sobre o que ainda preciso aprender sobre aquele dançar de mãos que flutuam no ar quando ela fala. não levo muito tempo para perceber que dela nada sei e mais quero saber. enquanto brinco com meus pensamentos, jogando-os pro alto, me divirto com a sua imagem e concluo que poderia gastar cada um dos meus sonhos e desejos com a sua presença.
eu compreenderia se alguém me abordasse e me chamassem de louca. eu compreenderia também, se em algum lugar do mundo me escrevessem uma carta, mensagem, telegrama ou um pequeno recado de alerta, dizendo: cuidado! em terras tão distantes nunca se deve aportar.  
          é claro, poucos sabem como é ter um capitão destemido dentro do peito. desses que não se protege ou entra em joguinhos. depois de alguns anos e alguns calos emocionais, fica fácil ter a resposta para esses descrentes: não se preocupem, eu só ancoro em terras que fazem o meu ser mais sereno e nada pode ser assustador o suficiente pra me tirar o desejo de ser assim.

          por falar em serenidade, quero voltar a falar das cores dela, daquelas cores que me fizeram refletir sobre a velha paleta que continuava sustentando as minhas próprias cores. foi quando ela mergulhou naquele universo que não a pertencia e se fez mais uma que descobri que antes eu não a enxergava, apenas via. que nem só de azul, preto e amarelo eram feitos os seus dias. precisei compartilhar daquela metamorfose, ainda que de forma tardia, para me dar conta de que em uma só vida não é possível se dar ao benefício da dúvida e da espera. e, mesmo sabendo que não deveria, me culpei por não ter estado ali antes. 
        
  peço licença para me explicar melhor, já que minhas palavras não devem estar fazendo muito sentido. tentarei ser breve como o tempo que levei pra perceber que minhas palavras agora seriam dela.
        
  foram encontros e desencontros, longos 25576 dias - aproximadamente, incluindo aquele que compôs um ano bissexto, um vidro e fibras óticas, relacionamentos e aprendizados. enfim, reencontro! (meu deus, como adoro esse prefixo e a forma como ele me traz a sensação de esperança renovada.) e nesse reencontro novas pessoas, novas conversas, nova timidez, nova admiração, tudo junto àquela velha sensação de tentar reconhecer o que ficou do velho e o que é melhor do novo. foi em meio ao novo que descobri seu olhar, sua sensibilidade e a vontade de querer conhecer o seu porto. e foi assim, quis ver seu mundo, quando a assisti descobrir a beleza daquele outro pequeno e fazer dele sua grande obra de arte.

           ficará para outras palavras o momento em que desejei que ela não saísse mais do meu lado. o que eu queria dizer desde o começo é que eu a vi de tantas formas e ainda a vejo tão diferente a cada instante que meus sentimentos se embaralham e se concretizam com uma rapidez assustadoramente surrealista - não me restam dúvidas, ela é a minha tão sonhada obra de salvador dáli.