sexta-feira, 9 de abril de 2010

viramundo;


Aqueles passos apressados - os seus e os meus -
me torturavam.
Passos tão firmes que se tornaram cruéis demais para suportar.
Nos mantívemos assim, ao longo do caminho. Não ousamos olhar para trás. Seguimos - em direções opostas.
Com o passar do tempo, meus medos e desejos se tornaram tão próximos que já não conseguiam viver separados. Se enamoraram. Acharam-se em uma relação de equilíbrio e, ali, sentiram-se confortáveis.
Se um resolvia falar mais alto, o outro vinha sorrateiro e lhe tomava pela mão. Quando se entrelaçavam e se rasgavam de amor e ódio, eu me sentia em paz. Ocupados de si e tão únos, eu não conseguia mais pensar em um deles.
Fui afortunada. Ainda me restavam aqueles momentos em que a serenidade me abraçava, mesmo que, simultâneamente, meu peito habitasse uma guerra de amor&ódio.
Desta forma, consegui encarar o tempo - outro traiçoeiro. O tempo que não hesita; não tem razão ou piedade. Tempo esse que existiu o suficiente para que a vida acontecesse. Para que você acontecesse. Para que eu acontecesse. E não acontecessemos em nós. Inútil; (Pois, mesmo sem te ver, um pedaço em mim guardou o seu lugar. Um pedaço que sempre acreditou na possibilidade de, um dia, sentarmos lado a lado pra dividir experiências, sonhos, desilusões e uma bola de sorvete). Houve dias em que ele me brindava, logo pela manhã, com um cheiro vindo da cozinha, que me despertava. Inevitavelmente, ao abrir os olhos, após ser tocada pelo cheiro do café preto que logo estaria em minhas mãos, eu via teus cabelos. (Ah, como gostaria de tocá-los!)
E seu sorriso? Onde estava nessas manhãs em que meus pensamentos perdiam-se nos teus olhos jamais avistados - visitados.
Não me importo mais com a resposta para essa pergunta. Ou com as respostas para muitas outras perguntas que tomaram conta de mim desde a (falta de) despedida.
Já não me importo mesmo. Diante do encontro de nossas estradas, tudo se torna muito pequeno.
Bem como não nos perdemos em nossos passos, que continuam firmes - mas, se transformaram e mudaram de rumo, o amor não findou. Mudou. 
Mudei. 
Mudamos.
Nos (re)encontramos aqui. Com muito mais a oferecer; mais para dividir. 
Portanto, permaneça aqui por algum tempo. Não tome outro caminho.
Amizade - tão mais confortável que a paixão.
Então, escrevo: Sejamos! 
E, 'que seja doce', mas não em demasia - que é pra não enjoar.

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